terça-feira, 23 de junho de 2009

Marisas e Marisas


Já me senti pequena, quando eu era pequena.
Já me senti minúscula, quando era jogadora de volêi.
Já me senti uma migalhinha, quando soube que os mais velhos sabem mais da vida.
Mas, nunca, me senti tão excluída por não ser uma "GRANDE" jornalista, ou melhor, uma jornalista de uma mídia conhecida.
Pois é, duas Marisas hoje o fizeram. Fui excluída de uma conversa depois que souberam que era apenas a escritora de um livro de um movimento popular.
O ocorrido aconteceu no prédio da Secretaria Municipal de Educação, local em que são realizadas as reuniões do poder com a população.
Duas Marisas foram instruídas a nos burocratizar. Enquanto uma insistia na conversa com a Profa Rosa e a Romi (aliás insistiu três vezes), a outra queria obter os nossos contatos para resolver os problemas com rapidez (mágica). Foi neste momento que uma Marisa olhou para mim e perguntou: "Qual é o seu nome?", Gentilmente respondi:"Juliane", não contente me direcionou outra pergunta: "O que você é do movimento?", respondi, novamente: "Jornalista". O medo foi tão grande, uma vez que eles não podem conversar com a imprensa, que ela falou: "Que veículo você trabalha?", e eu, que começarei a trabalhar em poucos dias, fiquei pequena!
Um jornalista em início de carreira se depara com estas situações. Nem carteirada eu posso dar! E mais, se você não for de uma mídia "IMPACTANTE", você será migalha!
Que mundo cruel!!!

A luta será sempre contínua....


Desde que comecei a pensar sobre um tema que me agradasse e interferisse nos meus valores, sou peregrina dos ensinamentos de Paulo Freire.
Não contente com as raríssimas informações obtidas por meio da web e também de livros, inclusive deste maravilhoso educador brasileiro, resolvi me aprofundar.
Foi neste instante que descobri uma preciosidade escondida na Zona Leste II de São Paulo. O MOVA-SP, movimento iniciado em meados de 1989 para oferecer cidadania a inúmeros analfabetos, se mantinha na ativa e ainda era um ícone na educação de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Examinei cuidadosamente todos os materiais a mim disponibilizados. Visitei salas de aula e participei de encontros nacionais. Conheci pessoas de caráter e me reconheci integrante desta estrutura popular.
Ora a política ora a parte social despertavam em mim tudo aquilo que eu sempre havia pensado em relação aos problemas sociais de nosso país: "Toda a nossa base vem da alfabetização!"
A reflexão sobre o assunto era quase constante. Como uma estudante de jornalismo, tão ligada à parte sociológica, não conhecia o MOVA-SP? Como pessoas ainda se encontram em mundos paralelos por não saber a semiologia das palavras? Quantos desempregados ainda existirão sem o apoio deste movimento?
Pois bem, escrevi meu TCC sobre este assunto e jamais me arrependerei. Afinal, por mais que as pessoas critiquem toda a história do movimento, os meus pontos de vista e, ainda por cima, a minha inciativa de resgatar as memórias das pessoas que o mantiveram, eu nunca deixarei de acreditar nos meus pensamentos por um mundo melhor!
Vamos...MOVA-se!!! Vamos ler o mundo! Escrever o mundo!

Começando a acelerar...



Quatro meses se passaram. Tempo suficiente para ajeitar a vida, os pensamentos. O único problema é saber lidar novamente com o cotidiano agitado! Inúmeras ideias surgem, os pensamentos, que estavam praticamente consertados, se embarralham novamente e a normalidade "anormal" se instala.
Estar pronto para ela é uma batalha constante. Esta irei travar por muitos anos!
Alguns dizem que no futuro saberemos que todas as ações realizadas foram necessárias e, principalmente, que esta correria fazia parte do seu sucesso.
Pois é, a faculdade terminou e agora vejo o quão importante foi investir em um tema complexo para o meu TCC. É isso ai! Agora escreverei um novo livro para o movimento que estudei e darei um grande salto em minha carreira! "Pelo menos espero!"
Afinal, como no post anterior: Estarei satisfeita!